terça-feira, 27 de julho de 2010

ENEM: Recursos coesivos

     A coesão de um texto depende muito da relação entre as oraçoes que formam os períodos e os parágrafos. Os períodos compostos (formados por mais de uma oração) normalmente são relacionados por meio de conectivos adequados. Para cada tipo de relação que se pretende estabelecer entre duas orações, existe uma conjunção que se adapta a ela, Por exemplo, a conjunção "mas" normalmente é usada para estabelecer uma relação de oposição entre dois enunciados. Porém, se houver uma relação de adição  ou explicação, a conjunção deverá ser outra.
     Observe um exemplo de escolha inadequada da conjunção:
     O aumento de dióxido de carbono na atmosfera, resultante do uso de combustíveis fósseis e das queimadas, pode ter consequências calamitosas para o clima mundial, mas pode afetar diretamente o crescimento das plantas.
     Veja que não existe a relação de oposição que justificaria a conjunção "mas". Como a relação é de explicação, deveria ter sido usada uma conjunção para tal fim:
     O aumento de dióxido de carbono na atmosfera, resultante do uso de combustíveis fósseis e das queimada, pode ter consequências calamitosas para o clima mundial, pois pode afetar diretamente o crescimento das plantas.
     Algumas conjunções:
    

ENEM: Construção do texto

     O que distingue um texto de um amontoado de palavras? É a relação entre palavras e frases. Devidamente conectadas, elas formam um todo que tem sentido para determinado grupo de pessoas em determinada  situação - ou seja, um texto. Este pode consistir em apenas uma palavra ou uma frase, desde que esteja dentro de um contexto significativo para existir. Por exemplo, ao visitar um hospital, você já reparou em placas que trazem apenas a palavra "Silêncio"? Ela constitui um texto, pois faz sentido para os visitantes e funcionários do hospital; afinal, ela está dentro de um contexto. Há também os textos construídos por uma quantidade maior de frases e orações. Para torná-los inteligíveis, há dois fatores importantes: coesão e coerência.
     a) Coesão:
     Consiste nas articulações gramaticais existentes entre as palavras, orações, frases,parágrafos e partes maiores de um texto que garantem sua conexão. Sua função é conectar as palavras de um texto, tornando-o legível. Percebemos a coesão quando lemos um texto e verificamos que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao outro. Alguns elementos coesivos foram sublinhados no exemplo abaixo, retirado de um texto.

"Existe um outro tipo de corrupção na política da qual nós nunca falamos: é a corrupção do sistema político. Esta não se trata de surrupiar o bem político. Ela consiste em tomar decisões com base em influências questionáveis, e não com vista no que é melhor para resolver problemas e melhorar o país. Trata-se de um sistema que funciona melhor para uns do que para outros porque deveria nos representar, mas não nos representa".
     No texto acima, o pronome demonstrativo "esta" e o pronome pessoal "ela" remetem à "corrupção do sistema político". Esse tipo de coesão é conhecido como remissão anafórica - quando uma palavra ou expressão retoma outra. Já a conjunção "porque" é um conectivo que estabelece uma relação de causa, enquanto a conjunção "mas" estabelece uma relação de adversidade. Logo, a coesão refere-se à forma ou à superfície de um texto. Ela é mantida por meio de procedimentos gramaticais, isto é, pela escolha do conectivo adequado na conexão dos diversos enunciados que compõem um texto.

     b) Coerência
     É o resultado da articulação das ideias de um texto, a estrutura lógico-semântica que faz com que, numa situação discursiva, palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores. Ela está, portanto, ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê. Leia com atenção o texto abaixo:


"Existe um outro tipo de corrupção na política da qual nós nunca falamos: é a corrupção do sistema político. Portanto, esta não se trata de surrupiar o bem político. Ela consiste em tomar decisões com base em influências questionáveis, mas  não com vista no que é melhor para resolver problemas e melhorar o país. Trata-se de um sistema que funciona melhor para uns do que para outros, por isso deveria nos representar, mas não nos representar, por conseguinte não nos representa".

Observe que, no texto que você acabou de ler, foram inseridos elementos conectivos que, mal empregados, terminaram deixando o texto confuso, incoerente. Nesse sentido, é importante notar que, por vezes, a coesão leva a um problema de coerência em um texto, apesar de serem fenômenos distintos. A coerência resulta da relação harmoniosa entre os pensamentos ou as ideias apresentadas num texto sobre determinado assunto. Refere-se, dessa forma, ao conteúdo, ou seja, à sequência ordenada das opiniões ou fatos expostos.

IMPORTANTE
A incoerência não se dá apenas por problemas com conectivos, mas por falta de relação entre as partes. Pode ocorrer, inclusive, um texto sem o uso explícito de elementos coesivos, mas que, em sua textualidade, não deixa de ser coerente. Exemplo:

Olhar fito no horizonte. Apenas o mar imenso. Nenhum sinal de vida humana. Tentativa desesperada de recordar alguma coisa. Nada. (...)

Coesão não é condição necessária nem suficiente para que um texto seja um texto. Mas o uso de elementos de coesão assegura a legibilidade, explicitando os tipos de relação entre os segmentos do texto.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ENEM: Discurso político - a arte da persuasão

     As estratégias de argumentação estão presentes em todo  lugar, de uma carta de reclamações ao discurso político.
     Persuadir é um ato de influenciar uma ou mais pessoas a fim de modificar a opinião desta/destas para que coincida com a nossa ou a que desejamos. E a argumentação é a ação pela qual se faz possível compartilhar uma opinião. Argumentar é valer-se de exemplos fortes, de um raciocínio bem estruturado e de ferramentas de persuasão. Leia o texto abaixo:
     "Criamos o programa Bolsa Família, que muita gente dizia: 'isso é assistencialismo'. As pessoas não sabem o que significam 50 reais na mão de uma mãe pobre. Com 50 reais que nós damos de gorjeta em um bar, quando tomamos cerveja, uma mãe consegue colocar comida em casa para os seus filhos, por 10 ou 15 dias. E hoje atendemos 11 milhões de famílias, são 44 milhões de brasileiros que podem comer três refeições por dia. Eu vi o depoimento de uma mulher que eu coloquei na televisão, ela dizia: 'antes da Bolsa Família, eu tinha duas netas que moravam comigo, eu comprava um lápis e cortava o lápis ao meio para que cada criança tivesse metade'. Hoje ela pode comprar uma caixa de lápis para cada neta e não precisa repartir. Esses dias, a imprensa foi atrás de uma mulher do Bolsa Família porque ela comprou uma geladeira e aí já acharam que ela era burguesa, não precisava mais do Bolsa Família. Eu quero que ela compre geladeira, eu quero que ela compre televisão, eu quero que ela compre roupa, eu quero que ela compre sapatos. É preciso acabar, neste País, com a ideia de que os do andar de baixo não podem nada e que os do andar de cima podem tudo(...)
            (Luiz Inácio Lula da Silva. Discurso na divulgação de obras do PAc em Araraguara, marça de 2008).

     Lembra-se das estratégias de argumentação? É possível identificar algumas delas no discurso político acima, como o uso de exemplos (a senhora que compra lápis para as netas). O discurso é uma exposição sobre certo assunto, com o objetivo de influir no raciocínio ou mesmo nos sentimentos do ouvinte ou leitor.
     O termo discurso refere-se ao uso da língua em um contexto específico, ou seja, à relação entre os usos da língua e os fatores extralinguísticos presentes no momento em que esse uso ocorre. Por isso, o discurso é o espaço de materialização das formações ideológicas, sendo por elas determinado. Nesse sentido, pode ser visto como uma abstração, porque corresponde à "voz" de um grupo social.

     Você sabe o que falácia?
     O substantivo "falácia" vem do adjetivo latino fallace, que significa enganador, ilusório. Uma afirmativa falaciosa é construída quando se dá segmento a um raciocínio errado, fazendo-o aparentar verdadeiro. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos. Reconhecer as falácias é, por vezes, difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica ou emotiva, mas não validade lógica.
     Veja o texto abaixo. Ele exemplifica uma argumentação falaciosa.
     "Beth, você tem 7 milhões? Preciso pagar uma dívida com a máfia".
     "Ora, Hugo, não esquenta. A máfia não é uma entidade legal! ...Eles não têm como cobrar judicialmente essa dívida!
     "...Estudante de psicologia me da inveja". Disse Hugo.

ENEM: Técnicas de argumentação

     Existem vários recursos capazes de convencer o leitor a respeito de um argumento. Vamos enumerar algumas técnicas de argumentação:
     1 - Apresentar uma ideia e contradizê-la ou diminuir sua importância.
     O argumentar antecipa um argumento favorável ao tema que pretende criticar e, em seguida, apresenta um argumento contrário, que mostra que tal ideia é insustentável. Exemplo:
     "A Câmara dos Deputados, aprovou um projeto que faz 173 mudanças na Lei Eleitoral. Dessas, 22 tratam do uso da internet nas eleições e podem ser divididas em dois blocos. No primeiro estão as regras liberalizantes. Elas ampliam, por exemplo, o espaço na rede em que é permitido  fazer campanha eleitoral, hoje restrita aos sites dos próprios candidatos. O restante das medidas é autoritário e está em descompasso com a realidade. Elas aquiparam sites de veículos de comunicação e portais a emissoras de rádio e TV, como se os primeiros fossem também concessões públicas e, portanto, sujeitos a supervisão estatal. Não são, fique claro".

     No trecho acima, são enumerados medidas positivas do novo projeto, mas, logo em seguida, afirma-se que "o restante das medidas é autoritário e em descompasso com a realidade". O autor já se posiciona contra o projeto no início do texto.

     2)Exemplos e comparação.
     O argumentar pode recorrer a acontecimentos amplamente conhecidos para compará-los a situações e procedimentos locais. Essa estratégia foi aplicada em:
     "Trata-se de uma opinião dinossáurica, só compartilhada por ditadores chineses, iranianos, cubanos e norte-coreanos, que tentam controlar a rede de computadores. Nas democracias dignas desse nome, a internet é indisciplinada porque sua natureza é indispensável".

     A autora comparou o governo brasileiro a governos de países não democráticos para reforçar sua argumentação a respeito do autoritarismo de algumas medidas do novo projeto. E ainda completa com uma alusão ao histórico político do deputado relator do projeto.
     "O deputado Dino, tão rígido em relações ao que vai pela rede, mostrou-se flexível em temas mais próximos aos parlamentares. Ele foi favorável a que políticos 'ficha-suja', que respondem a processos criminais, possam se candidatar e também oficializou as 'doações ocultas', feitas aos partidos para esconder o vínculo do doador com o candidato".

     3.Citação
     Consiste em recorrer a argumentos de autoridades ou especialistas em determinados assuntos para reforçar o posicionamento ou conferir maior credibilidade ao texto. A autora do texto, inseriu a opinião de um especialista em sua reportagem:
     "Especialista em legislação de internet, o advogado Renato Opice Blum diz que os deputados tentam tolher a liberdade de expressão. 'Muitos artigos do projeto não fazem sentido, como o que exige que todos os políticos tenham idêntico tempo ou espaço na rede. Ora, como isso é possível num meio que prima pela instantaneidade e por abrigar milhões de opiniões individuais'?, espanta-se Blum".

     Esses são apenas alguns recursos comumente utilizados. Há muitos outros, como a apresentação de dados numéricos - o que confere maior credibilidade à argumentação - ou o uso de ironia. 

ENEM: Gêneros argumentativos

     Existem vários gêneros textuais usados para apresentar e defender um ponto de vista.
     Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em fatos e opiniões. É comum encontrarmos circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos jornais e na internet temas polêmicos que exigem uma posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores. Num jornal, por exemplo,  podemos identificar vários gêneros argumentativos - o artigo, o editorial, a coluna. Por vezes, alguns textos de caráter informativo, como reportagens, podem trazer juízos de valor ou adotar um posicionamento crítico.
     O importante, para se preparar para a prova do Enem, é saber reconhecer estratégias argumentativas e procedimentos de argumentação. Os procedimentos implicam estruturar o texto de acordo com o receptor(uso de linguagem adequada e construção coerente da argumentação) e as estratégias são recursos que podem ser usados para reforçar a argumentação. Agora, analisemos alguns gêneros que, de imediato, podem ser identificados como argumentativos:

     a)Artigo opinativo: comum nos jornais e revistas. Ele é, em geral, escrito por colaboradores ou personalidades convidadas e não reflete necessariamente a opinião do veículo de comunicação. Analisa um fato ou uma série de fatos em relação ao contexto político, social, econômico ou comportamental. Segue a estrutura de um texto dissertativo: introdução/desenvolvimento/conclusão. Pode ser escrito na primeira ou na terceira pessoa.

     b)Coluna: é um espaço dos jornais e revistas prioritariamente destinado à informação exclusiva, ao bastidor da notícia - comporta a manifestação do colunista sobre aquele fato que está informando ou analisando, muitas vezes com postura crítica em relação aos acontecimentos. Dois exemplos: Diogo Mainard, da revista VEJA, e Clóvis Rossi, do jornal Folha de São Paulo.

     c)Editorial/Carta ao leitor: espaço reservado nos jornais e revistas para manifestar a opinião do veículo, da instituição - opinião que, na verdade, é definida pelos dirigentes (muitas vezes o próprio dono) da empresa. diferentemente dos outros formatos, o editorial não tem nenhuma preocupação em informar o leitos, mas em formar opinião. Em vez de fatos, traz argumentos, que se tornam convincentes graças a recursos de retórica. Por emitir a opinião do veículo, o texto pode vir sem a assinatura do autor ou então ser assinado pelo editor, em nome da publicação.

     Esses são apenas alguns gêneros. É importante saber que a argumentação e a persuasão estão presentes no texto publicitário, nas cartas argumentativas e, principalmente, em textos de caráter teoricamente informativo.

   

ENEM: Gêneros textuais - 2

     Pedir um emprego não significa bater de porta em porta ou atirar às cegas. É um ato planejado. anúncios de jornais, sites de emprego e outros são as fontes de informações, a pessoa poderá decidir sobre qual empresa está oferecendo a vaga nais adequada. Quando for redigir uma carta de solicitação de emprego, é importante que o empregador a leia rapidamente. Por isso, o candidato deve organizá-la de modo que sua leitura seja fácil e que as informações importantes estejam claras.

Abaixo, um modelo de carta de solicitação de emprego:
(Local e Data)
À: (nome da empresa)
De: (nome do interessado na vaga)
Prezado(a): (nome do responsável pela vaga e setor)
De acordo com o anunciado em (indique a fonte da informação e a data da publicação), tomei conhecimento de que a (nome da empresa) está buscando contratar (denominação da vaga).
Considero-me apto para ocupar a referida vaga, em virtude da experiência profissional e dos conhecimentos que possuo. Isso poderá ser verificado no meu currículo que está em anexo.
Quanto à pretensão salarial e demais detalhes, poderemos discutir pessoalmente, em uma entrevista em que terei oportunidade de prestar-lhes maiores informações.
No aguardo de um breve resposta, menciono abaixo meus dados para contato.
Atenciosamente,
(nome)
(Endereço)
(CEP, cidade, UF)
(Telefone)
(e-mail)

          (Fonte: http://gostei.abril.br/frame,adaptado).

quinta-feira, 1 de julho de 2010

ENEM: Intertextualidade - diálogo entre gêneros

     A intertextualidade é possível quando se conhecem as obras citadas indiretamente.
     Com muita frequência, um texto retoma passagens de outro. Na literatura, a citação, muitas vezes, é implícito, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e o trabalho de onde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito de obras que compõem determinado universo cultural. Leia os dois exemplos abaixo:

Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
              (Gonçalves Dias)

Canção do Exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
Gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda

Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
                                                     (Murilo Mendes)

Os dois textos acima exemplificam um tipo muito comum de intertextualidade - a paródia, que consiste em subverter o texto parodiado. A Canção do Exílio de Murilo Mendes é uma pesada crítica a vários aspectos da sociedade brasileira, revestidos de certo sarcasmo. Começa criticando as influências estrangeiras, representadas no início to texto pelas macieiras da Califórnia e gaturamos de Veneza. Ela contradiz abertamente a entusiasmada Canção do Exílio de Gonçalves Dias. Outro tipo de intertextualidade é a paráfrase: as palavras são mudadas, mas a ideia original é confirmada pelo novo relato. A alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. Enfim, é dizer com outras palavras o que já foi dito. Exemplo:

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a 'Canção do Exílio'.
Como era mesmo a 'Canção do Exílio'?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
         (Carlos Drummond de Andrade, europa, França e Bahia)

O poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto Canção do Exílio conservando ideias. Não há mudança do sentido principal do texto, que é a saudade da terra natal. Outro aspecto que deve ser levado em conta: a intertextualidade não se restringe aos textos literários - ela pode existir entre os mais variados gêneros. Por exemplo, os textos publicitários, muitas vezes, fazem remissão a poemas, romances, filmes ou músicas consagradas.

ENEM: Gêneros jornalísticos

     Um gênero textual é um fenômeno cultural, histórico, dialógico e, portanto, sociocomunicativo. Considerando-se que são gêneros veiculados socialmente - e aos quais a maioria do público leitor está habituada -, vamos analisar alguns gêneros jornalísticos:

     Notícia: de linguagem direta e formal, é um texto informativo escrito de forma impossoal e na terceira pessoa. Tem a estrutura de "pirâmide invertida": as principais informações sobre o fato noticiado são sintetizadas logo no início do texto - a síntese "o que, como, quando, onde" recebe o nome de lide(do inglês lead, que significa conduzir, guiar). O restante do texto desenvolve os detalhes (relevantes ou não) e sua possível repercussão na vida das pessoas que estão lendo. Pode ter ou não um público-alvo (jovens, políticos, idosos, famílias). Procure observar essas características no lide de uma notícia reproduzido abaixo:
     "O médico oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, coronel Cleber Ferreira, constatou, após atendê-lo no fim desta quinta-feira(28), que o quadro dele 'é estável e evolui positivamente', informou a Assesoria de Imprensa da Presidência da República. A pressão de Lula está em 11 por 8, segundo o médico, que acompanha o presidente constantemente e foi quem impediu sua viagem a Davos, na noite de quarta-feira(27). (Fonte:www.abril.com.br/noticias,28/1/2010).
     Reportagem: é uma notícia mais aprofundada, em que o autor pode expressar sua opinião ao descrever e caracterizar os fatos. Observe essas características no trecho abaixo:
     "Sob as trevas da noite o pavor aumenta. Os raros focos de luz são dos faróis de carros, dos postes de quartéis com geradores e das fogueiras... Assustadoras fogueiras alimentadas por escombros e corpos. Do Hospital-Geral de Porto Príncipe emergem urros de dor de pacientes. A enfermeira ajoelha-se no colchonete, liga uma lanterna e pede que ela respire. Suando muito,Widlyn se segura no tronco de uma árvore e emite um longo e agudo uivo. Um bebê sai lentamente de seu ventre. Widlyn sorri. O nome de seu filho é Cristopher - e o Haiti é o seu futuro". (Fonte:Veja,27/1/2010, adaptada).
     Nota: texto curto sobre algum fato de relevância noticiosa, composto apenas do lide. Muito comum em colunas:
     "Alberto Costa e Silva está organizando uma 'Antologia Jorge Amado' para a Penguim Books lançar nos EUA e no Brasil. Além da obra completa que irá para as livrarias, terá também um volume com textos avulsos de Amado, seus discursos nos tempos em que ocupou uma cadeira de deputado federal pelo PCB nos anos 40, artigos e entrevistas". (Fonte: Radar on-line, extraído de www.com.br,27/1/2010).
     Infográfico: fusão de textos não verbais (ilustrações, gráficos etc) e verbais. Os diferentes gêneros jornalísticos costumam ser acompanhados por infográficos, que funcionem como um reforço visual.
 

ENEM: Gêneros narrativos

     Os gêneros narrativos são o romance, o conto e a crônica.
     Embora predominantemente narrativos, esses três gêneros têm características distintas.
     O Enem, como também diversos vestibulares, pode utilizar-se dos mais variados gêneros textuais para avaliar sua habilidade em ler, compreender, relacionar diferentes gêneros entre si e identifcar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação. Alguns desses gêneros são o romance, o conto e a crônica narrativa, que têm em comum o fato de ser narrativos. Isso significa que organizam, de diferentes maneiras, cinco grandes elementos: o desenvolvimento de uma sequência de acontecimentos (enredo), vivida por personagens e contada por um narrador; essa sequência implica ainda passagem de tempo e mudanças no espaço. Vamos analizar esses três gêneros.

     Romance
    
     É uma narrativa longa, que relata um enredo imaginário, normalmente não concentrado em um único conflito, desenvolvendo-se em geral com muitas passagens de tempo e mudanças de espaço. De caráter verossímil, pode ser escrito em 1ª ou 3ª pessoa e envolver uma ou mais personagens. Tente observar essas características no trecho abaixo, extraído do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis:

Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de "menino diabo", e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que  estragara o doce "por pirraça"; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia - algumas vezes gemendo -, mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um "ai, nhonhô!" - ao que retorquia: - "Cala a boca, besta!
                                    (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)

     Conto

     É, geralmente, um texto narrativo breve, em prosa, de ficção, que se concentra em um grande conflito. Caracteriza-se por personagens brevemente retratados e pode ser escrito em 1ª ou 3ª pessoa. Em geral, diferentemente de um romance, o texto não se divide em capítulos. Isso implica também que há menos passagens de tempo e mudanças de espaço. Um exemplo da escritora Clarice Lispector:

     Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão, e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.
     O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
     - Cale-se ou expulso a senhora da sala.
     Ferida, triunfante eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava.(...)
                                        (Clarice Lispector, Os desafios de Sofia)

     Crônica narrativa

     É uma história informal, que apresenta um comentário leve e breve sobre algum fato do catidiano. Na maioria das vezes, é escrita para ser veiculada em um jornal. Pode se originar a partir de algum fato jornalístico ou um tema rotineiro. Suas principais características são uma linguagem coloquial e um toque de humor e crítica. É importante ressaltar que, apesar de ser mais próxima da realidade, uma crônica narrativa é um texto ficcional, ou seja, não há compromisso do autor em ser fiel ao fato real que pode ter inspirado o texto. tente observar essas características no texto a seguir, extraído de uma crônica inspirada em um tema cotidiano:

     Não sei se fecha com a estatística geral, mas, naquela sala de espera do aeroporto, entre trinta pessoas, uma tinha telefone celular. E ele tocou.
     - Alô? Eu. Oi, querida.
     As outras vinte e nove pessoas continuaram fazendo o que se faz numa sala de espera de aeroporto quando o avião atrasa. Lendo, tentando dormir, olhando fixo para o nada. e fingindo que não ouviam a conversa.(...)
                                                        (Luís Fernando Veríssimo, Sissica)

ENEM:Organização do texto

     Não importa qual o gênero, todo texto pode ser analisado sob três características: conteúdo, estrutura e estilo.
     a) O conteúdo temático: refere-se aos traços que marcam a função social do gênero nas situações de uso. É o que define para que ele serve, quem são seus destinatários preferenciais, seu tipo de conteúdo básico.
     b) A construção composicional (ou estrutura): é como o gênero se estrutura, como é seu acabamento. Na estrutura, indicam-se como são as bases, os alicerces que sustentam o gênero em questão.
     c) O estilo: são as marcas linguísticas próprias do gênero. Alguns usos sintáticos, escolhas lexicais mais comuns no uso do gênero dado.
    
     Atenção:

     Não confunda gêneros textuais com tipos de texto. Os gêneros textuais são organizados com base em vários tipos de textos (descrição, narração, dissertação, exposição, injunção).
     Assim, um tipo textual, da mesma forma que um único gênero pode conter mais de um tipo textual. Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas e descritivas. Outro exemplo: um conto de fadas e uma piada são gêneros textuais diferentes, mas ambos são textos narrativos.

ENEM:Gêneros textuais - 1

     Os gêneros textuais são praticamente infinitos. Escolhemos qual deles usar conforme o momento, a situação e a intenção da camunicação.
     Você sabia que, ao ler o horóscopo do jornal ou escrever um scrap (recado) para algum amigo no site de relacionementos Orkut, você está exercendo  sua capacidade de compreender e aplicar diferentes formas de expressão textual? Sem perceber, você transita de um gênero de texto para outro o tempo inteiro. Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para nos referir aos textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.
     Em um texto de uma campanha publicitária cujo objetivo é estimular os estabelecimentos de saúde a notificarem casos de violência contra crianças, mulheres e idosos é um exemplo de que,  para nos comunicarmos, utilizamos determinados gêneros textuais, de acordo com a intenção comunicativa, o momento e a situação em ocorre essa comunicação.
     O Enem, e também deversos vestibulares, avalia com frequência a capacidade do estudante de reconhecer os gêneros de texto. Dessa forma, vamos listar aqui alguns gêneros presentes em nosso cotidiano
     *Histórias em quadrinhos:utilizam, geralmente, um tipo de discurso direto que é apresentado dentro de balõezinhos. Sua principal característica é o uso da linguagem verbal (palavras) e da não verbal(ilustração).

     *Charge: faz uso de linguagem não verbal (caricatura) e, na maioria das vezes, também da verbal.
Costuma satirizar algum fato em evidência com uma ou mais personagens envolvidas.

     *Classificação: gênero de texto vinculado ao universo jornalístico, em que indivíduos ou empresas oferecem um produto ou um serviço. É escrito de forma breve e concisa, apresentando alguns elementos básicos do produto ou serviço que possam interessar ao leitor.

     Esses são apenas alguns exemplos de gêneros de texto. Nos estudos da literatura, temos, por exemplo, crônicas, contos, prosa etc. Os gêneros textuais englobam esses e todos os textos produzidos
por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o e-mail. São muitos, os gêneros de texto que circulam por aí. São as situações que definem qual utilizar. É importante frisar que o conceito de texto não se limita à linguagem verbal, ou seja, às palavras. O texto pode ter várias dimensões, como o texto cinematógrafico, o teatro, o coreógrafo (dança e música) ou o pictórico (pintura). Uma obra de arte ou uma ilustração, portanto, são formas de expressão textual, providas de significado.
     Alguns exemplos de gêneros textuais que encontramos no dia a dia: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha,edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais, e assim por diante.

sábado, 8 de maio de 2010

O lugar-comum

     Uma coleção de 13 argumentos-clichês que delatam a falta de repertório e senso crítico do redator.
Imagine que, no vestibular, você e outros tantos milhares de candidatos deverão fazer uma redação - em geral de gênero dissertativo - sobre um único tema, proposto pela banca examinadora. O desafio é: como produzir um texto diferente dos demais, que se destaque por ser mais qualificado? Em suma, como alcançar a originalidade?
     Ser original significa fugir das frases feitas, das fórmulas prontas - ou seja, de expressões que, de tão desgastadas, já caíram no lugar-comum. Tais expressões são conhecidas também como clichês ou chavões, e não raro denotam falta de reflexão por parte do estudante. Somente a leitura - diversificada e frequente - pode livrá-lo das armadilhas dos clichês. Bons leitores contam com inúmeros recursos linguísticos que lhes permitem traduzir, com precisão, ideias e opiniões, contribuindo assim para a devida valorização do que escrevem. Contudo, se você se distrair e usar clichês em sua redação, tente aliminá-los antes de passar o texto a limpo.
     Há clichês argumentativos, como os apontados nestas páginas, além dos muitos exemplos de clichês encontrados com frequência em textos escolares, como "pedra sobre pedra", "encerrar com chave de ouro", "quatro cantos", "estaca zero", "arregaçar as mangas", "assistir de braços cruzados", "de importância vital", "esmagadora maioria", "trata-se de mera coincidência", "pura realidade", "verdade nua e crua", "única e exclusivamente".
     Para não cair na armadilha do lugar-comum de vestibular, pergunta-se: o que eu realmente quero dizer com isso? Em seguida, selecione, de seu repertório lexical, palavras que sejam adequadas ao que você quer exprimir.

01."desde os primórdios da humanidade o homem tem-se mostrado cruel com seus semelhantes."
Procure ser mais específico e situe melhor o leitor em relação ao tempo. Do msmo modo, evite iniciar o texto com "Desde a Antiguidade", "Atualmente", "Hoje em dia" etc.

02."As pessoas saem de casa sem saber se vão voltar."
A insegurança presente no cotidiano pode ser denunciada de inúmeras maneiras. Procure valer-se de exemplos que ilustrem suas ideias. Sugestão: "Inseguras, as pessoas sentem medo do que lhes possa acontecer até mesmo quando se dirigem ao trabalho ou^à escola."

03."É preciso lembrar que dinheiroàs devidas modificações. Sugestão: "O conceito de paternidade sog não traz felicidade."
Críticas aos malefícios que o dinheiro pode trazer em geral tendem a reproduzir o pensamento comum. Devem, portanto, ser evitadas, até mesmo pelo fato de parecerem demagógicas.

04."As pessoas mal conseguem respirar nesta selva de pedra."
A expressão "selva de pedra" tem sido empregada nas mais diferentes situações. Em vista disso, recomendamos: seja mais específico. Sugestão: "Nas metrópolis, o índice de polu~ição do ar vem aumentando a cada dia."

05."Já não se fazem mais pais como antigamente."
A afirmação está sujeita a diferentes interpretações. Verifique o contexto em que está aplicada para proceder às devidas modoficações. Sugestão: "O conceito de paternidade sofreu diversas alterações no último século."

06."O efeito estufa nada mais é do que a vingança da Mãe-natureza."
No exemplo

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A apresentação de seu texto

     Em concursos públicos e vestibulares, cuidados com o número de linhas e o tipo de letra fazem a diferença.
     Existem coisas que, fora do âmbito do conteúdo e da gramática, devem ser levadas em conta.
     Como se pode constatar nos próximos itens, escrever bem não é tão fácil como pensam alguns.      Talvez a grande dificuldade seja a coragem de começar e a força de vontade para permanecer na luta pelo progresso. Naturalmente, não há milagres, sendo necessário algum esforço pessoal, estudo consciente e alguma dose de paciência. O progresso, ninguém duvide disso, é apenas uma questão de tempo.
     Vejamos, então, algumas dicas para uma boa apresentação do seu texto:

1.Pode ultrapassar o limite de linhas exigido?
Eis aqui algo delicado, que não deve ser desconsiderado em uma prova. Se é solicitado ao candidato escrever, por exemplo, entre 25 a 30 linhas (o mais comum nos concursos), não pode ele fugir a isso. A prática é reprovar quem não consegue cumprir tal exigência.
O que fazer, então? Parta do rascunho para conseguir situar-se nos limites exigidos. Aumente ou diminua certas frases, quando não prejudicar a estrutura da redação. Crie um novo parágrafo, com outros argumentos, caso você perceba que não atingirá o  mínimo solicitado. É sempre possível fazer semelhante ajuste, pois o candidato conta com uma boa diferença de linhas entre o mínimo e o máximo.
Há dois expedientes, contudo, comuns entre os concursantes, que precisam ser evitados.

2.Evite aumentar o tamanho das letras:
Recurso utilizado pelo candidato desesperado, que não consegue chegar ao mínimo a ser atingido. Deixa o texto com aspecto ridículo, que depõe contra seu autor. E o reprova, diga-se de passagem. Você certamente tem condições de evitar algo tão desastroso. Nenhum professor aceita semelhante tipo de manobra, sendo preferível correr o risco de fazer uma redação menor do que o exigido.

3.Evite aumentar o espaçamento entre as palavras:
Aumentar o espaçamento entre palavras não deixa entrever a dificuldade do candidato. A redação fica semelhante a textos digitados, quando é acionada a tecla "justificar": espaços imensos a criar visual desagradável, desconcertante. Tal expediente, além de prejudicar a estética da composição, não vai cair nas graças do encarregado da correção.
Pior é juntar as duas coisas: letras e espaçamentos grandes. Nesse caso, sua redação nem sequer será lida. O ideal é tomar cuidado. Treinar escrevendo textos e enquadrando-os nos limites estabelecidos. Com algumas dezenas de redações, tal problema deixa de existir.
O treinamento é tudo no aprendizado, seja qual for a área, e redigir não seria exceção. O problema maior talvez seja que as pessoas nem sempre confiam em si mesmas o suficiente para chegar à soluções, algumas até por desacreditar no recurso da insistência. Persistir é - não padecem dúvidas quanto a isso - a chave que abre as portas do desenvolvimento pessoal.

4.Posso usar letra de imprensa?
Se você tem um concurso para fazer, no qual consta a prova de redação, comece a treinar imediatamente a construção de frases com letra manuscrita. Pode ser que você não consiga escrever dessa forma, pois talvez o hábito esteja tão arraigado que lhe seja impossível eliminá-lo. Não se desespere. Escreva com a letra de imprensa, também chamada letra de fôrma, porém destaque as iniciais maiúsculas. algumas bancas pedem a letra manuscrita porque ela permite verificar se o candidato sabe empregar maiúsculas e minúsculas. Caso contrário, esse candidato, que pode até estar com má-fé, levará vantagem sobre os demais, uma vez que todas as letras de sua redação são maiúsculas. A banca dificilmente implicará com você, se as letras maiúsculos forem maiores que as outras, porque ficará provado o seu conhecimento sobre o assunto.

5.Posso rasurar?
Normalmente não se admitem rasuras numa redação de concurso. Passe a limpo o rascunho com bastante cuidado. Se, premido pelo pouco tempo e por alguma dose de nervosismo, você se descuidar e cometer algum erro, utilize o conhecido recurso do emprego de uma palavra como digo, entre vírgulas, logo após a palavra escrita inadequadamente, e faça a correção desejada.
     Ex.: Construiu uma bela caza, digo, casa, para a mãe.

6.Evite o nome de passoas ou empresas:
A menos que o tema o exija, não faça citações de empresas ou pessoas conhecidas, seja para enaltecer ou criticar. Por exemplo, se o tema é liberdade de imprensa, não use frases como "a Rede Globo de Televisão já se manifestou a respeito..."; "a revista Veja, na tentativa de esclarecer..." "numa entrevista recente, o senador Eduardo Suplicy mostrou indignação..." É preferível tornar impessoal a argumentação: uma grande rede de televisão; uma das maiores revistas brasileiras; um respeitado senador da República etc.

7.Não escreve menos de três parágrafos:
A não ser que haja orientação em contrário, comece sua redação por um parágrafo relativamente curto, a título de introdução. Faça nele afirmações que servirão de base para os parágrafos seguintes, que constituem o corpo, o desenvolvimento da redação, a parte da argumentação. Encerre a dissertação com um parágrafo também curto, a conclusão do trabalho, a qual deve ser incisiva, categórica,, a ponto de superar possíveis deficiências anteriores. (Compilado da Revista Língua, por Renato Monteiro de Aquino)

terça-feira, 4 de maio de 2010

A Clareza

Clareza é a qualidade de uma mansagem que não deixa dúvidas razoáveis sobre seu sentido. Uma frase como "O pai o filho adora" nos lança uma sombra interpretativa, difícil de dissolver sem explicação adicional(o filho adora  o  pai ou o cantrário?). A falta de clareza entrava a Justiça, alonga reuniões, rouba tempo, compromete concursos, faz contratos distorcer direitos, beneficia quem não deve, prejudica quem não merece.
Uma frase perde clareza por muitos fatores, da má ordenação das ideias à pontuação inadequada. Ser claro demanda esforço. E seguir alguns conselhos, que não são tudo. A linguística textual mostrou que os sentidos se formam no conjunto de coerência e coesão, nos significados configurados na memória.
Há clareza a ser cultivada antes até do primeiro esboço, assim como há cuidados na escrita. "Clareza prêvia" é saber que, na prática, um leitor também "lê" com a memória. Ao fim da leitura, é improvável que tenhamos um texto inteiro na mente, palavra por palavras. Tendemos a fazer pausas, para que nossa memária de curto prazo forme um resumo do lido até ali. É com essa síntese mental que continuamos a leitura.
Com excesso de incisos, de elementos intercalados, o leitor terá dificuldade de saber em que momento fará a pausa necessária a seu resumo. Daí o problema com frases longas, muitos apostos e informações acumuladas, sobreposição de protagonistas e de números.

1.Compartilhar:

É preciso atenção a tudo o que atrapalhe a síntese mental. Alguns desses obstáculos são semânticos: palavras raras, gírias, jargões e formulações desconhecidas ou acessíveis com dificuldade. Outros são entraves sintáticos.:
 Apostos que desarticulam a informação:
Uma frágil progressão de tópicos;
Acúmulo de elementos, ideias e conclusões na mesma frase;
Anacolutos (começar falando uma coisa, encerrar com outra: "O advogado que não escreve o que diz, não é difícil prever situações de conflito no tribunal");
Hipérbatos (interrupção de dois termos pela intromissão de um terceiro: "A guenta a escola pública da privada uma concorrência desleal" (em vez de : "A escola pública aguenta da privada uma concorrência desleal").
Outra preocupação prévia é a busca pela informação compartilhada pelo leitor. Quem nos lê ou escuta não tem obrigação de intuir o que sabemos e pensamos.
É preciso, por exemplo, ordenas as ideias e os termos da oração (sujeito, predicado, complementos), ter cuidado na escolha de palavras e usá-las em construções sintáticas o mais simples. Um texto bem escrito, por princípio, não provoca perguntas de preenchimento. Se é preciso retomar uma frase para entendê-la, algum problema há.
Pensar o todo é condição de clareza. Um texto se organiza em torno de um elemento de referência, que lhe dá coesão. A partir dele, todo o resto se posiciona. Uma ideia deve levar à proxima, sem sobressaltos. Um parágrafo, relaciona-se ao anterior e ao seguinte.

2.Clareza coerente:
Não basta criar uma série de emissões linguìsticas para obter um escrito claro. O contexto completa e induz o sentido de uma sentença com variável aberta. "Ainda tenho muito a fazer" pode significar: "Conversamos depois". A comunicação cotidiana nem sempre garante a interpretação direta, sem exigir outros sentidos que não o expresso no enunciado. Se falta clareza a "Renam Calheiros depôs sobre corrupção na Senado" (depôs sobre quem? O Senado? A si mesmo?), o conhecimento do contexto (saber que Renam foi processado) torna mais evidente o caráter truncado do período.
A leitura atenta detecta elementos que faltam ser abordados e se a abordagem foi adequada à situação comunicativa. Para o texto virar uma "unidade inegável de sentido", um tecido em que as partes remetem umas às outras, deve haver relação entre o tema e as "sequências restantes que predicam sobre ele", diz Guardiola. As peças linguísticas devem manter referência ao tema, sem contradições ou saltos sem sentido, respeitando uma progressão lógica, "nem crescendo".
O desafio é imaginar como se será lido: pensar em seu interlocutor e adequar a linguagem a ele. Claro é o texto entendido da maneira mais imediata. Mas  o que é claro para uma pessoa nem sempre o é para outra. O enunciatário(leitor, espectador) é tanto autor da mensagem quanto o enunciador(redator, falante). Se o sujeito quer ser compreendido, precisa reler o próprio discurso imaginando como será recebido. É preciso fingir ser seu leitor, para buscar as questões que o rascunho deixou de fora. O leitor ou ouvinte não deve passar pelas dificuldades que você passou ao ler o próprio original.

3.Ambiguidade:
Clareza também depende do gênero. Ambiguidade num texto não literário é defeito grave. Numa poesia, é charme. Mas até quando há fim utilitário um texto pode ser pouco claro, de próposito. Um gerente pode, de caso pensado, não ser claro sobre pontos que o incomodam no desempenho de um empregado, só para evitar o confronto. Uma exposição que leva a mais de uma interpretação sobre certas metas de uma empresa pode traduzir, no fundo, o empenho de um chefe em engajar sua equipe.
A falta de clareza vira falácia argumentativa quando uma definição é tão complicada quanto o termo definido. Numa frase direto como "Catalisar é provocar um processo enzimático", a definição de "catalisar" não está explicada por "processo enzimático". Sentenças assim, esparramadas em contratos, apólices e decisões judiciais, minam direitos.
Quando a pessoa não precisa ser clara, ou não quer, e em textos que descartam a clareza como valor, o interlocutor  é o fiel da balança. Um leitor interessado pode suportar um texto difícil, ávido por uma informação. Mas nada desculpa textos difíceis por mero "defeito de escrita". Grande parte dos textos difíceis é só mal escrita. Quando os interlocutores compartilham o universo de referência, pode-se ser econômico na comunicação; quando não, deve-se traduzir, explicar.
Um texto truncado pode ser, no fundo, sinal de falta de sinceridade. Escrever e falar com clareza é expor-se à avaliação alheia. Há quem escreva truncado como se usasse um escudo que, protetor, também o camufla. Nesses casos, o problema é antes de divã, ou de caráter, do que de redação. A maioria, no entanto, patina por falta de familiaridade com o idioma. Aí não há jeito: é preciso pôr-se no papel do leitor até que o sentido surja cristalino. Mais revisão, maior a fluência. E isso dá um trabalho danado.(Compilação feita da Revista Língua, por Luís Costa P. Júnior)

O Conteúdo

11 Abr 2010


Dominar o assunto implica entranhar-se nele, observar todas as relações existentes entre as várias áreas de conhecimento, livros e mídias, fazendo uma seleção das ideias que vão ao encon-
tro de seu ponto de vista para iniciar o texto.
Descobrir os limites temáticos é imprescindível e um preocupação constante nas redações dos vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Isso porque os textos serão desconsi-
derados se não desenvolverem a proposta solicitada. Aqueles que tangenciarem o assunto, ou apresentarem baixo nível de informação, também não terão retorno tão positivo: texto raso, nota
rasa.
A questão é: como desenvolver uma produção textual que sintonize informações, criatividade e engajamento? Há momentos, antes e depois de escrita a redação, em que se aplica o domínio do assunto, como veremos nos quadro a seguir. Depois de cada exercício de redação e dos exames,
dialogue com os amigos sobre as possíveis relações que eles desenvolveram em seus textos, ex-
traia experiências e depois relaxe e se divirta, lendo uma boa crônica ou assistindo, criticamente,
claro, a programas de TV.(Compilado da Revista Língua, Simone Goh, professora de redação do cursinho pré-vestibular universitário)

1.Formular perguntas sobre o cotidiano:
Entender não significa sá reconhecer o assunto, mas desenvolver uma relação entre os sabe-
res e as informações externas ao próprio assunto. Ler o mundo, decifrá-lo e reconstruí-lo, é ideal
para o desenvolvimento não só de textos, mas da vida. O ser humano deveria ter um olhar aten-
to para o que o rodeia, de forma a comparar, relacionar e inferir sobre suas leituras, filmes, papos entre amigos, revistas de qualidade e trazer tudo isso para seu universo pessoal.
Infelizmente, a fase dos porquês ficou isolada na infância e deixamos de indagar sobre os mis-
térios da vida. Questionar é o início da aprendizagem. O que lembra a passagem de Vidas Secas (1986:20), de Graciliano Ramos:
"Uma das crianças aproximou-se, perguntou-lhe qualquer coisa, Fabiano parou, franziu a testa, esperou de boca aberta a repetição da pergunta. Não percebendo o que o filho desejava, repre-endeu-o. O menino estava ficando muito curioso, muito enxerido. Se continuasse assim, metido com o que não era da conta dele, como iria acabar? Repeliu-o, vexado:
- Esses capetas têm ideias."
Que pena, Fabiano! Se não fosse por sua repreensão, que novos caminhos seriam trilhados por aqueles meninos? Menino mais velho, mais novo,curiosidade + questionamento = reflexão. Se o
mundo não dá respostas, procuramos em outros mundos e meios, mas se nos calarmos tornamo-nos mudos intelectualmente.
Formular perguntas sobre os vários fatos do cotidiano e buscar as respostas em diversas fon-tes é crucial, pois são essas informações que irão fundamentar o texto.

2.Entender o todo na hora agá:

Compreensão é o primeiro passo. Muitas vazes o tema apresenta-se emplícito em uma frase, ou em um texto. A ideia é grifar as palavras-chave - substantivos, adjetivos, verbos e, se existi-
rem outros textos como apoio, partir para essa leitura, que com certeza tornará o assunto mais
claro, evitando possíveis desvios.
A maioria das universidades públicas e particulares, bem como o Enem, solicita a estrutura dis-sertativa, a partir do tema esplicitado em um parágrafo, ou em um texto. Algumas instituições uti-
lizam também outros textos de apoio, com estruturas diversas em que o tema está articulado às ideias do respectivo autor.
O cuidado para não se deixar levar por apenas um dos testos, ou fragmentos dos mesmos, deve ser ressaltado; o ideal é entendê-los como um todo. Por exemplo, no Enem 2006, em que
o tema em questão foi "o poder transformador da leitura", vários candidatos utilizaram o texto de
apoio de Moacir scliar como uma única fonte - nele, o autor fazia referências à sua introdução no
mundo da leitura e o quanto sua mãe foi importante naquele momento.
"Minha mãe muito cedo me introduziu ao mundo dos livros..."
O fato é que alguns candidatos desenvolveram texto narrativo, cujo assunto tratava especifi-
camente de suas experiências de alfabetização e leitura, deixando assim de articular com o tema
em questão - a leitura como instrumento de percepção e de construção de novas ideias, a existên-
cia dos vários universos que somente esse ato nos propicia.
Atentar para as datas dos textos, autores e a tipologia, também é outro fator importante. Ge-
ralmente os textos-base ou de apoio são artigos, imagens, tirinhas, histórias em quadrinhos ou
até mesmo gráficos. Assim, se forem mais de um, temos de nos voltar para o diálago existente en-
tre eles; o assunto ganha novas reflexões, mas partem de um único eixo.
Não é indicado, porém, copiar trechos dos textos, apenas utilizar uma ou outra paráfrase(re-
contar com suas palavras) para elucidar sua ideia, se necessário(Compilado da Revista Língua,por
Simone Goh)

A Argumentação

10 Abr 2010


Diante de 30 linhas em branco e da leitura das orientações sobre o tema da dissertação, o can-
didato vive um drama. Precisa surpreender, apresentar argumentos consistentes, mostrar perso-
nalidade textual, fazer seu texto se destacar em meio a milhares. Mas nem sempre o vestibulando,
mesmo o bem preparado, sabe o quanto pode ser inventivo, autoral e opinativo e o quanto está
engessado aos limites do que esperam dele. Qual o perímetro que o autor tem à disposição para
trabalhar a opinião pessoal, o estilo e o tema?
Não se exige uma "resposta correta" numa redação, mas uma hipótese sustentável, mais pro-
vável do que outras concorrentes. O que se testa é a iniciativa, a prontidão de raciocínio, a capaci-
dade de usar a razão para dar respostas a situações novas.
Mais do a simples posse de conhecimento, a redação procura avaliar se o candidato está envol-
vida com os problemas do mundo em que vive, se tem sensibilidade social, preocupação ética, há-
bito de reflexão, capacidade de usar os conhecimentos adquiridos em favor da coletividade, se
sabe usar a linguagem para fazer-se entender e para ouvir as razões do outro.
Não se pede nenhum tratado literário, mas um texto com começo, meio e fim, que trate do que se pediu, tenha coerência e consistência.
As bancas não pedem que o candidato solucione os problemas do mundo, mas que apenas os
discuta, agregando ideias à discussão, sem necessidade de solucionar o que não tem resposta.
Vejamos aqui, os 10 passos para dar começo, meio e fim a sua redação:

1.Entenda primeiro o que é argumentar:
Argumentar é apresentar evidências que confirmem a posição assumida, expor os detalhes que justifiquem a tese, para convencer o leitor de que a defesa que se faz é a melhor possível.
O objetivo é convencer, mas não a qualquer preço. Use argumentos sustentáveis e éticos.
Defenda na sua redação a opinião para a qual você tenha argumentos mais poderosos, para
articular com competência.

2.Como imaginar argumentos:
Um primeiro esforço de pensar argumentos pode ser o de recorrer a procedimentos seculares da retórica. Um deles é o de pensar no modo como raciocina alguém de quem você discorda. O que ele diria sobre o assunto? Enumere os argumentos em oposição a esse rival imaginário.
Outra forma de criar argumentos é por meio de paradoxos (doxa é como os gregos nomeavam a opinião comum). Faz paradoxos retóricos aquele que, mesmo não sabendo o que vai criar,sabe
o que procura - afastar-se do senso comum, o admirável da ideia surpreendente. Pense na ideia
que vai contra a corrente e veja se há pertinência com o assunto proposto na prova.

3.O que faz uma redação ser bem escrita:
Grande parte das pessoas tem a impressão de que uma boa redação se define pela correção
da linguagem. De fato, escrever com correção, num texto dissertativo, é importante, mas não sufi-
ciente. Para comprovar isso basta confrontar três enunciados igualmente corretos, com o mesmo
sentido, e perceber que úm é melhor do que o outro.
a) "Todo mundo já viu pessoas que, na hora de defendê-los, não têm bons argumentos e aí
mais prejudicam do que ajudam. Exemplo disso são os ecologistas."

b) "Há pessoas comprometidas com causas justas, mas, por não saberem defendê-las, causam
mais prejuízo que benefício, É o que ocorre com a Ecologia."

c) "Nada pior para uma boa causa do que maus defensores: é o que acontece com a ecologia."
Fica evidente que o terceiro enunciado é muito mais bem redigido do que os anteriores. O pri-
meiro é o pior deles; o segundo, menos ruim, e o terceiro é ótimo, transcrito aqui, com pequena alteração, de artigo do jornalista Mauro Santayanna, no Jornal da Tarde.
Os três são corretos gramaticalmente, falam do mesmo assunto, mas o terceiro supera os ou-
tros em precisão, concisão, clareza e simplicidade. Boa redação é a que cumpre a finalidade para a qual foi escrita. Com base nesse princípio, é mais funcional trocar o conceito de "correção" pelo de "direcionalidade". Isto é, bom escritos não é o que escreve correto apenas, mas o que sabe dire-
cionar os recursos do seu texto para atingir o resultado programado.

4.Tenha foco na estrutura do texto:
Seja para o texto com opinião ou para o narrativo, a falta de unidade na abordagem é sempre um defeito. Tenha sempre em mente a "espinha dorsal" do texto.
É preciso organizar o caminho a seguir após definir os argumentos que se vai usar. Pode-se fazer de muitos modos:
*Fazer anotações soltas, independentes;
*Fazer lista de palavras-chave;
*Anotar tudo o que vem à mente, desordenadamente, para depois cortar e ordenar;
*Resumir ideias para depois partir para o detalhe, o exemplo, a ideia secundária.
*Criar um primeiro parágrafo para desbloquear e depois desenvolver as ideias ali expostas;
*Escrever a ideia central e as secundárias em frases isoladas para aí interligá-las.
*Criar uma espécie de sumário ou esquema geral do texto.
*Organizar na mente os blocos do texto e estruturá-lo o quanto necessário.

5.A importância de um plano concreto:
Para não se perder no meio do caminho, melhor rascunhar um plano para abordar o assunto
*Formule uma questão sobre o assunto em torno do qual seu texto vai girar.
*Quais temas serão abordados do início ao fim do proceso, logo após a leitura da proposta?
*Coloque os assuntos um abaixo do outro, assim dá pra mudar algum tema de lugar e ter a ideia geral da redação mais clara na cabeça,
*Faça um elenco de argumentos, causas e consequências.
*Se for possível, elabore propostas de intervenção. Ou seja: soluções para o problema em
questão.
*Construa o texto a partir dessas ideias, sem esquecer da norma culta, da coesão e da coerência.

6.Cuidados de Estilo:
COESÃO: Todo texto se organiza em torno de um elemento de referência. A partir dele todo o
resto se posiciona. É preciso cuidar para que uma ideia leve à proxima, sem sobressaltos. O que
se escreve num parágrafo deve ter relação com o que se disse no anterior e o que se dirá em se-
guida. Produzimos as partes pensando no todo.

CONCISÃO: Nada de parágrafos intermináveis, com descrições alongadas e pouco objetivas. Mas é preciso ter cuidado com o estilo telegráfico, que exige habilidade do redator, pois nem sem-
pre garante a suficiente clareza numa dissertação.

PRECISÃO: Cuidado com apontamentos de tempos imprecisos como: antigamente, outrora, certa vez e assim por diante; eles nada dizem e atuam negativamente no texto.

REDUNDÂNCIA: Evite repetir conectores, sobretudo os "quês" para introduzir explicações ou
restrições a termos já expostos. Não repita palavras no parágrafo. A troca de nomes por outros ajuda, mas deve haver relações de sentido entre os sinônimos.

EVITE O LUGAR-COMUM: Clichês denunciam falta de reflexão por parte do estudante. Ser ori-ginal significa fugir das frases feitas, das fórmulas prontas.

7.Como criar a introdução:
O parágrafo introdutório pode ter múltiplas possibilidades. Simone Motta, professora de reda-
ção do curso Etapa, aponta três: intertexto, citação e resumo.
INTERTEXTO: A pretexto de estabelecer um ponto de partida para a elaboração de argumentos,
o intertexto pressupõe a reprodução de algum texto-base para com ele dialogar.

CITAÇÃO: Estabelecer esse ponto de partida por meio de uma citação.
- Nesse caso, aconselha-se a contextualização da citação e, de preferência, que não seja pa-
rafraseada da antologia que é oferecida pela banca examinadora - explica.

RESUMO: Fazer um resumo das ideias que serão defendidas no desenvolvimento da redação.
Independentemente de qual seja sua escolha, todos os processos citados deverão ser cuidadosa-
mente articulados, sempre respeitando a adequação ao tema e à proposta.
Primeiros parágrafos construídos com expressões do tipo "eu penso", "eu acho" ou "eu acredi-
to" são incerções subjetivas que em nada colaboram para a estruturação de texto dissertativo
antenado à realidade.
- O aluno entra para o debate olhando para o próprio umbigo. É uma abordagem cega para a realidade e surda para os outros. A inserção objetiva, ou o contrário, traz uma abordagem com dados estatísticos e outras informações que colaborem para uma análise mais concreta - critica
Wella Borges Costa,professor de redação do curso Positivo.
Wella indica a introdução como outra possibilidade de começar a discussão. Trata-se daquele primeiro parágrafo que contextualiza a ideia da redação antes de lançá-la logo de cara.
Esxpressões cristalizadas ou muito genéricas, como "O sol nasceu para todos" ou "A aviação
aérea é um problema", engessam a argumentação. Expressões que são marcadores da lingua-
gem oral devem ser excluídas: "bom", "bem" ou mesmo "veja bem".

8.Desenvolvimento do texto:
Se você já passou do parágrafo introdutório, agora sua missão será trabalhar com a clareza e a coesão.
A professora Eliete Bindi, do Intergraus, lembra das duas possibilidades de abordagem de te-
ma: pelo método indutivo ou o dedutivo.
No primeiro, o vestibulando pode partir da observação de fatos específicos para depois abrir a
discussão para o tema central. Ou seja, ele parte do efeita para a causa.
Pelo método dedutivo - preconizado por Aristóteles -, acontece o contrário: parte-se do geral para o específico. Aí, juntam-se as hipóteses para chegas à conclusão. Para isso, o vestibulando se baseará nos silogismos, recurso que procura encontrar, demonstrar uma verdade por meio da razão.

9.O encerramento da redação:
A conclusão de uma redação deve, de preferência, retomar o pretexto inicial da redação.
Assim, fica claro que sua relação de argumentos está chegando ao fim. Além disso, esse formato atesta que aquele pretexto usado não foi em vão. Também é interessante que esse pará-grafo reúna de forma concisa os principais pontos do desenvolvimento do texto.
Nade de argumentos novos, senão dá a entender que a redação prosseguirá.
Ainda com relação à forma, o candidato precisa escolher se sua conclusão apresentará um solu-
ção para a problemática ou se fará uma previsão, com alerta de como o tema da redação se des-
senvolverá no futuro.
A conclusão é a última impressão deixada pelo redator, portanto, deve ser lida e relida para
que o encerramento encante o leitos.
Nesse sentido, jstificar o título dado à redação é também um dos aspectos que devem ser ressaltados na conclusão. Nada de reproduzir no título o tema da redação. Senão, todos seriam
iguais e sem identidade.
10.A revisão antes de entregar a prova:
Antes de passar o rascunho a limpo, tome certos cuidados:
*Avalie se seu plano de voo original foi posto em prática;
*Confira se o texto foi ponto por ponto;
*Verifique se as informações se antecipam a possíveis indagações do leitor;
*Corte informações e trechos irrelevantes, se for o caso. Veja se os trechos não deveriam ser mais bem distribuídos ou se valeria a pena usá-los noutro pobnto do texto;
*Você induz o leitor a tomar alguma posição? Não está forçado?
*Quais os argumentos contrários aos seus? Você os ignora, simplesmente (o que é o mesmo de não ter resposta para eles)?

Redação para concursos públicos

07 Abr 2010


Simplicidade e coerência podem ser fatores decisivos para quem deseja um bom desempenho
nas provas de redação para instituições e órgãos governamentais.
Vejamos outros fatores que merecem apreciação especial quando se pretende e se nacessita
alcançar notas alta numa redação. Vejamos, com atenção, o que segue:

1.Escrever com correção:
Têm peso alto os deslizes gramaticais, que podem e costumam levar à reprovação no concurso.
deve o candidato preparar-se com afinco e boa vontade, estudando os fatos gramaticais que mais
risco podem apresentar. Não adiante fugir: isso é uma realidade na vida de todosnós, em especial os estudantes. Observemos as frases abaixo, com erros que podem ser evitados com um estudo
sério e atento.
Haviam muitas falhas no trabalho.
Todos assistiram o programa.
Me levaram para casa.
Irei a festa com você.
Não há excessão a essa regra.
A porta da cozinha, não tem fechadura.
A primeira frase apresenta um erro corriqueiro de concordância verbal. o verbo haver, quando,
quando equivale a existir, não admite a flexão de plural; ocerto é havia.
Na segunda contém erro de regência verbal, uma vez que o verbo assistir, com o sentido de
ver, rege a preposição a; o correto é ao programa.
Na terceira, o deslize é de colocação pronominal, pois não se começa a frase com pronomes
átonos; deve-se corrigir para Levaram-me.
A seguir, um erro de crase, já que na frase dada a preposição a, exigida pelo verbo, se une ao
artigo definido a, que acompanha o substantivo festa (pode-se dizer ao cinema); corrija-se, pois, para à festa. Depois, uma falha na grafia do primeiro substantivo; o coreto é exceção.
Finalmente, um erro de pontuação, porquanto não se pode colocar uma vírgula entre o sujeito e o verbo; correção: a porta da cozinha não tem fechadura.
Os erros gramaticais aparecem, claros, devidamente comentados, nos livros de português. É
necessário estudar consciemtemente, fazer exercícios em quantidade, não desanimar. Todos po-
dem, isso é fato, desenvolver-se o suficiente para não perder pontos preciosos numa redação.

2.Escrever com simplicidade:
Jamais se esqueça de que quem lê quer entender. Assim, seja simples, claro e objetivo. Não use palavras ou expressões apenas porque, na sua avaliação, elas são bonitas ou agradáveis,
ou ainda porque podem sugerir a quem vai avaliar seu trabalho que voce tem domínio do idioma.
Isso é bobagem, se me permite dizer. Alguns dos maiores escritores brasileiros escrevem com
simplicidade. Sessa forma, só empregue termos de cujo significado vecê tenha absoluta certeza e,
mesmo assim, sem exagerar. Uma grande quantidade de palavras pouco conhecidas, ainda que
corretas, costumam deixar o texto pesado, desagradável e até ininteligível.
Ex.: à socapa, o homúnculo palrador, vencendo a lassidão, seguia donairosamente pelas coxi-
lhas em flor.
Horrível, não é mesmo? A propósito: um doce para quem entender a frase.

3.Ser conciso:
Algo de extrema importância é a concisão, isto é, o emprego de poucas palavras para transmi-
tir ideias. É o oposto de prolixidade. Ou seja, não dê as famosas e nefastas "voltinhas", que tanto
irritam o leitor. Diga muitos com poucas palavras, e não o contrário. Também aqui, um bom treina-mento pode resolver o problema. Escreve inúmeros parágrafos sobre um determinado assunto, buscando redizir o número de palavras até aquele mínimo indispensável para que o leitor entenda
a mensagem.
Ex.: Ele, que há muito tempo estava preocupado com a prova que faria no colégio, estudou até
altas horas da noite, provavelmente até depois das duas horas da madrugada.
A frase longa e feia, com termos vazios. Diga concisamente: preocupado com a prova, estudou até à madrugada.

4.Criar frases curtas:
Frases muito longas, mesmo concisas, podem tirar a noção da estrutura frasal. Em alguns ca-sos, omite-se um termo importante, até fundamental, como o verbo da oração principal; em ou-
tros, despontam erros de concordância, coesão etc. Você pode criar frases longas, mas observe se elas não incorrem em falhas. Na dúvida, estipule uma ou duas linhas para cada frase.
Ex.: Quando os trabalhadoresse aproximaram da escadaria e, por conta desses equívocos
que ninguém consegue explicar, se dirigiram de maneira grosseira ao presidente da empresa.
Observe que a ideia central, representada pelo verbo da oração principal, não aparece no texto, que, não
tem nenhum valor. o que aconteceu quando eles se aproximaram da escadaria e
se dirigiram ao presidente? Essa lacuna seria preenchida se disséssemos, por exemplo, no final, depois de uma vírgula: criariam uma situação muito desagradável para todos.

5.Observar a coesão textual:
Um dos principais tópicos da redação é a coesão; por isso mesmo, um dos que mais têm derru-bado candidatos em concursos. a coesão é a perfeita ligação entre os elementos de um texto.
Ex.: Conquanto tenha estudado, conseguiu aprovação imediata.
A essa frase falta coesão e, consequentemente, coerência, sentido lógico. Note que a conjun-
ção conquanto significa embora, sendo esta mais utilizada, mais conhecida do que aquela.
Conquanto é, pois, uma conjunção concessiva, isto é, presta-se a ligar orações que tenham
algum tipo de oposição. As duas orações que constituem o período não apresentam esse relacio-
namento; ao contrário, ter estudado leva a conseguir aprovação.
Para que se evidencie a oposição, urge que se utilize uma palavra como não, o que deixará a construção coerente, por se ter restaurado a coesão textual: Conquanto tenha estudado, não conseguiu aprovação imediata.
Ou então se empregue um conectivo compatível, em substituição a conquanto: Como (porque, já que, uma vez que etc) estudou, conseguiu aprovação imediata.
O candidato precisa reler com atenção o rascunho, na tentativa de reconhecer as más ligações que porventura sejam feitas. Um erro desse tipo tem peso muito grande, por isso vale a pena o
esforço de aprender o assunto. Aliás, pode valer a aprovação.

6.Evitar repetição de palavras:
Embora não constitua erro gramatical, repetir palavras denota pobreza vocabular e enfeia o
texto. Cuidado com palavras muita batidas, como os pronomes demonstrativos(este, esse, aquele,
isto, isso aquilo), que se tornam um dos grandes vícios da atualidade. É impossível não usá-los,
apenas evite que eles "dominem" seu texto , empregados como muletas gramaticais. Também o verbo "ser" e a palavra "que" são frequentadores assíduos das redações. use sinônomos ou, simplesmente, escreva de outra forma a frase. Para isso, não se esqueça, existe o rascunho.
Ex.: Paulo, que escreve profissionalmente, diz que é possível que não se cometam erros.
Paulo, escritos palavra pode, num texto, aparecer repetida, o que convém evitar.
Ex.: as florestas devem ser preservadas. As florestam significam vida e acabar com as florestas
significa acabar com os seres humanos.
As florestas devem ser preservadas. Significam vida, e acabar com elas é o mesmo que exter-minar os seres humanos.

7.Evitar figuras de linguagens:
Você não está proibido de empregar figuras de linguagem em sua redação, mas só deve fazê-
lo com absoluta convicção, e assim mesmo sem exageros.
Um texto escrito para um concurso público não precisa ter características de texto literário. Ele
apenas deve valer-se da língua culta, ser claro, objetivo e preciso, como já foi dito. Há pessoas que julgam necessário enriquecê-lo por meio de metáforas, silepses, metonímias, hipérboles,
prosopopeias, eufemismos, anacolutos etc.
Vale dizer aqui, no entanto, que, se mal utilizada, a linguagem figurada pode estragar a reda-ção, num efeito contrário ao que se esperava.
A silepse, por exemplo, é perigosíssima, pois, sem a técnica devida, pode o candidato incorrer em graves erros de concordância. A utilização da metáfora costuma levar quem escreve a construções artificiais e fora de contexto.

8.Evitar cacofanias, ambiguidades e rimas:
a) Às vezes, sem que o percebamos de imediato, da junção de duas palavras na frase surge
uma terceira, desagradavel por não pertencer ao contexto em que aparece: é a cacofania.
Ex.: Nosso hino é muito bonito.(suino)
Ninguém toca nela.(canela)
Não diga barbante, diga linha. (galinha)
Uns têm pouca fé, outros têm fé demais.(café, fede mais)
São coisas desagradáveis, sem dúvida. Pior ainda é a cacofonia que leva a termos deselegan-
tes, que pessoas educadas evitam, pelo menos em determinados ambientes. É o que se conhece
como cacófato. Ex.: Essa cana está muito doce.(sacana) Governo algum confisca gado.(cagado)
Ele sempre leva Gina para a escola.(vagina)

b) O problema de duplo sentido, conhecido como ambiguidade ou anfibologia, em termos prá-ticos, é mais grave do que o da cacofania. Uma vez que é imprescendível que o leitor entenda o
texto, não pode o candidato construir frases nas quais aflore mais de um sentido, sob o risco de
invalidar todo o parágrafo.
Ex.: Marcos disse ao amigo que sua mãe tinha viajado.(de quem é a mãe?)
A mulher chegou à rua com cheiro desagradável. (o cheiro era da mulher ou da rua?)
O homem consertou o carro. (ele mesmo fez o conserto, ou pagou a alguém para fazê-lo?)

c) Um texto em prosa deve evitar palavras de mesma terminação, ou seja, que rimem entre
si. É praticamente impossível impedir que isso aconteça, mas que não seja repetitivo, que não atinja um número um número grande de palavras, pois o texto ficará ridículo.
Ex.: Há gente indecente em qualquer continente.
Antes do almoço, o moço fez um esboço. Seu cão, meu irmão, é um amigão.

9.Evitar o lugar-comum:
Em cada época, existem termos que ganham a preferência popular. Todos falam ou escrevem
a mesma coisa, num festival de imcompetência linguística, inadmissível numa boa redação. Nem sempre, infelizmente, o candidato consegue perceber tais palavras ou expressões corriqueiras.
Pode até ser que não lhe sejam subtraídos pontos, em função do que o encarregado da correção
entenda como exces´ssivamente usual.
Ex.: A mãe natureza está apenas revidando.
Ele continua focado no jogo.
Nos promórdios da humanidade, era diferente.
- Você gostou do jogo?
- Com certeza.
Ninguém aguenta mais ouvir falar da "mãe natureza". Foi bonito, enquanto não se vulgarizou.
Por que não apenas natureza? Sozinha, por acaso, ela perde a importância?
Alguém, hoje em dia, sempre está "focado" em alguma coisa. Não se diz ligado, voltado para
etc.: tem de ser "focado". Os amantes incondicionais da tecnologia talvez prefiram conectado ou,
quem sabe, plugado, caindo no mesmo erro do lugar-comum.
A expressão "nos primórdios da humanidae" já mais utilizada, desgastou-se, felizmente. Não tente ressuscitá-la, como alguns andam fazendo.
E a expressão "com certeza"? Típica do meio futebolístico, está passando para outras áreas.
Diga, por favor, "sim", e todos vão entender perfeitamente. Talvez até batam palmas.
Vamos deixar claro que esse tipo de construção é correto. O que depõe contra ele é o fato de ser usado em demasia, empobrecendo a redação. Se, por exigência do tema, você tiver de empre-
gar algo assim, faça-o sem susto. Se nada levar a seu emprego, retire-o do texto, que ficará, sem dúvida, mais autêntico.

10.Não usar gírias, palavras chulas e estrangeiras:
É terrivelmente prejudicial à redação o emprego de palavras ou expressões ofensivas. seja sempre delicado, cortês, respeitador dos bons costumes. Quer ser reprovado? escreve palavrões em seu texto.
Apelar para gírias e estrangeirismos é provar que tem pouco vocabulário. Eles apequenam a
construção, tomando-a demasiadamente popular, rasteira, sem personalidade.
Ex.: adorava boi ralado.(carne moído)
Preciso de um time. (tempo)
Sua utilização só se justifica quando servem para preencher uma lacuna na língua portuguesa, ou quando têm um caráter iniversal. Graficamente, devem apresentar algum tipo grifo, principal-
mente as aspas.
Ex.: Sua vida é um "show". (Compilação feita da Revista Língua Portuguesa, por Renato Montei-
ro, p.32, editora segmento)

Os pecados de opinião

07 Abr 2010


Os problemas recorrentes em textos de opinião, como dissertações:
*Tomar todas as questões do mundo como atuais, o que dá margem a introduções sempre muito marcadas por expressões do tipo atualmente, nos dias de hoje, hoje em dia, como para dizer que há uma polêmica em pauta. Ora, se a questão não fosse polêmica, sequer figuraria no bedate, não?

*Imaginar que todo texto dissertativo se resolve em três parágrafos. Na verdade, há três momen-tos na dissertação - introdução. desenvolvimento e conclusão - o que não implica e necessidade de haver sempre três parágrafos.

*Introdizir um argumento de autoridade sob fórmulas prontas como: Segundo o grande / famoso /
ilustre / conhecido.

*Propor soluções a todas as questões do mundo. É preciso notar que na maioria das vezes não se
pede que solucionemos os Problemas do mundo, mas que apenas possamos discuti-los, agregan-
do ideias à discussão, e só, sem que haja a necessidade de solucionar o que não tem resposta.

*Ainda na esteira do problema anterior, propor uma solução para a questão em pauta exigindo
exigindo uma "conscientização urgente do governo, das pessoas, para a situação do país etc, etc,
etc..., como se realmente isso fosse uma ideia nunca proposta ou pensada por alguém.

*Iniciar uma carta argumentativa pelo desgastadíssimo "venho por meio desta", como se isso fos-
se garantiade um texto bem introduzido.

Os pecados em narrativas

06 Abr 2010

No afã de criar um enredo original (o que, exatamente, seria isso?), o autor se perde em situa-
ções que tendem ao inverossímil, ao impossível, resolvendo os conflitos sem que haja a menor ex-
plicação razoável, plausível, para tal resolução. Isso acontece principalmente ao final dos textos,
em que se pretende uma surpresa ao leitor. Alguém poderia objetar que textos marcados pelo realismo fantástico carregam essa marca, mas há de se lembrar, então, que uma narrativa tem de ter um percurso que justifique a resolução de seu conflito. Tirar um coelho da cartola para resolver
uma situação criada nem sempre dá certo, pode acreditar.
Ainda no quesito "originalidade", finais como "era tudo um sonho" invariavelmente dão ao autor
do texto a sensação de que há uma grande sacada como arremate do problemas. Nada mais falso. Todo mundo já viu esse filme e ninguém mais acorda surpreso com ele em termos de narrativas.
A uniformidade no tempo em que transcorre a ação é sempre um trabalho espinhoso, sem dúvida. Muitas vezes se nota como textos que usam e abusam de flashbacks se perdem no trata-
mento do tempo verbal, o que acaba por criar passagens incoerentes, mesclando presente e pas-
sado sem que haja a mínima possibilidade dessa combinação.
A progressão das histórias, ou seja, a cadência com que se levam os fatos de um enredo, sem-
pre é algo também delicado. Muito comum é o autor correr com a ação quando percebe, por exem-
plo, que deu muito mais atenção a elementos marginais e precisa se centrar naquilo que é impor-
tante, mas não tem nem muito espaço nem tempo para valorizar o que realmente era relevante.
Assim, o leitor nota facilmente que houve uma acelerada no transcorrer dos fatos - e o texto perde o ritmo.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Banca Examinadora

04 Abr 2010


Vejamos os 13 critérios que permitem entender o que pensam os examinadores durante a cor-
reção de redações em situações de concurso.

1.Condenado antes mesmo de ser lido:
*Caligrafia ruim ou ilegível;
*Fuga ao gênero proposto (escrever um poema ou narrativa quando o que se pede é uma dis-
sertação, por exemplo);
*Uso de primeira pessoa do singular ou plural;
*Textos que tentam obter extremo sucesso com o risco do extremo fracasso, valendo-se de re-
dações em verso, jogos visuais com palavras ou frases, piadinhas, onomatopeias, desenhos, pá-
gina em branco etc;
*Colagem de textos alheios, em que o candidato copia e mistura em certa ordem frases pinça-
das da coletânia, misturando-as com suas próprias frases.

2.O que a banca considera ser uma boa redação:
Para obter um ótimo desempenho, o candidato deve pôr em jogo em seu texto os seguintes in-
gredientes, que são considerados por bancas de correção:
*Obediência escrita ao gênero;
*Obediência escrita ao tema;
*Discurso em norma culta, sem lapsos ou equívocos;
*Texto coeso, resultante de argumentação bem colocada e encerrada.

3.Cuidado para não fugir do tema:
Fugir ao tema ou à proposta é pecado capital ao escrever dissertações. Desviar do assunto
central é um risco que pode custa caro.
- Se o tema é o jovem e a política, não se pode ficar falando sobre outros aspectos do jovem.
Fazer digavações ou extrapolar o tema é aceitável - diz fábio Itasiki, professor do cursinho Univer-
sitário.

4.Você não pode discordar do tema proposto...
Todo tema abordado em provas de redação de concursos vestibulares é, por natureza, polê-
mico. O próprio fato de escrever um texto para expor um raciocínio implica a existência de pensa-
mento de oposição a ele. Implica diálogo. Os vestibulares não só aceitam o debate em torno de
questões polêmicas, como também esperam dos vestibulando que se posicionem diante dos te-
mas propostos.
- O texto é argumentativo, portanto o aluno pode expressar sua opinião, mas deve tomar cui-
dado para que o direcionamento seja o mais abrangente possível e não adote uma visão sectária.

5.... mas sem preconceitos:
Ser racista, machista, homofóbico ou mesmo defender a morte cruel de bandidos é considera-
do inaceitável e, portanto, fadado a receber notas mínimas. Como os corretores hoje têm como
limites os direitos humanos e as propostas de intervenção social, pode-se dizer que se espera
que o autor seja eticamente correto.
Ainda que as opiniões diversas sejam aceitas pelas bancas examinadoras, há um limite claro
respeitado por todos os vestibulares importantes do país e também pelo Enem(Exame Nacional
do Ensino Médio): os direitos humanos.
Qualquer assunto em pauta consiste em um terreno fértil para que o autor se posicione e
mostre opiniões. A opinião tende a se esparramar pelo texto por meio de frases de efeito e por
conceitos às vezes lançados ao leitor quase despercebidamente, mas que afetam a tese do tex-
to.
- Às vezes a pessoa nem percebe que suas opiniões são fundamentadas em preconceitos,
como dizer que homens são mais aptos para determinadas tarefas, por exemplo.
Evitar preconceitos significa também considerar a perspectiva contrária à sua.
-Não há perigo em levantar uma bandeira, se levar em conta o ponto de vista do outro.

6.Evite a causa religiosa ou política:
O aluno precisa ter em vista que o leitor de sua redação se considera um leitor universal, e
não cabe argumentar por meio de dogmas, como se fosse converter alguém em trinta linhas.
Leitor universal: usar argumentos pressupõe o conhecimento dos valores do auditório - ao
religioso, um argumento com valores religiosos pode ser adequado, mas não a um ateu; como
numa prova de redação não se conhece o interlocutos, adotam-se como esfera de referência va-
lores consensuais. Daí ser complicado argumentar a favor de causas controversas.
Evite o proselitismo religioso. Os avaliadores tendem a considerar que não se deve usar o
espaço da dissertação como plataforma de pregação.

7.Evite o texto pré-moldado:
O texto pré-moldado - argumentação padronizada, usada independentemente do tema da pro-
va - é uma forma piorada de fuga ao tema proposto pelo concurso de redação.
O principal critério é a correspondência entre texto e tema. O candidato pode cumprir o que
lhe foi pedido, só tangenciar ou fugir ao tema. Neste último caso, os textos não são sequer consi-
derados.

8.A erudição deslocada:
Da tentativa de fazer um texto criativo com conexões inéditas, podem nascer textos desconec-
tados da ideia central.
- É muito comum o aluno escrever sobre coisas que estão apenas relacionadas ao tema, mas
que fogem do foco em si, somente para demonstrar erudição.
acreditar que a erudição pode render notas melhores é equívoco comum. escrever bonito não basta. Os corretores sentem de longe o cheiro da erudição postiça.
- O aluno usa chavões, tenta ser parnasiano, quer mostrar que tem conteúdo, que é especia-
lista no assunto. Quando na verdade o que é observado pela banca é a capacidade de argumen-
tar e a clareza.

9.Citação em prova com coletânea de textos:
O uso, no corpo de redação, de citações dos textos de apoio que integram a coletânea é uma
dúvida recorrente dos candidatos. A citação funciona como um argumento de autoridade útil ao
desenvolvimento do raciocínio do candidato. Mas é preciso cuidado para não tornar o seu texto
uma mera cópia, por uso inadequedo das citações, e com isso cair na armadilha de figir ao tema
proposto pela prova.
O segundo problema na atribuição de fontes é a própria autoridade dos personagens citados.
É preciso atribuir a alguém um juízo de autoridade sobre o assunto que ele tenha, de fato, legi-
timidade para emitir. Se o enunciado de prova usa uma letra de música de Chico Buarque para
ilustrar um tema, por exemplo, pode constituir equívoco citar o compositor em frases como: "Se-
gundo Chico Buarque, a violência urbana aumentou".
Fazer uma citação coerente dentro do assunto é válida, mas é sempre condenável usar cita-ções para ficar tangenciando o tema em vez de abordá-lo de fato.

10.Seja criativo, sem errar a mão: ~
Para os especialistas, ser imaginativo não é necessariamente ser transgressivo, ou quebrar
todos os padrões e reinventar a pólvora. Para surpreender, o candidato deve fazer algo criativo
dentro dos limites propostos.
Mudar o eixo em que as coisas são apresentadas está no cerne de todo texto criativo. O ra-
ciocínio comum, sequencial, funciona dentro de um quadro de referências aparente e familiar. O
inventivo diz algo além do que está na superfície, asscia o domínio inicial de um problema a ou-
tro quadro de referências.
Por isso, podem ser de ajuda algumas descobertas que a literatura, a ciência da linguagem,
a psicologia e a neurociência fizeram recentemente com relação à criatividade:

A - Criatividade é artesenato, não um dom. Ninguém nasce criativo, mas é possível exerci-
tar a habilidade.

B - O estímulo primário para um texto criativo é a capacidade de seus autor abastecer-se de informações das mais diversas fontes e dos mais variados tipos, e ter a disciplina de ver sempre que bicho dá o ato de conectá-las.

C - Uma das qualidades criativas de um texto é inserir uma informação antiga (só obtida pelo hábito de consumir e colecionar informações consistentes) em um contexto novo, aplicada a um
problema atual.
Um texto criativo tranpõe de uma forma inesperada uma qualidade humana para outra rea-
lidade. Essa tradução, em geral, é feita de duas maneiras:

a)Ao recombinar coisas já existentes em outros contextos, dando-lhes novas finalidades;
b)ao modificar a relação habitual que há entre duas ou mais coisas ou seres, no momento em que se relacionam.

11.Saibar interpretar a proposta da prova:
A primeira dificuldade oferecida pelo enunciado da prova de redação é anterior ao ato de es-
crever. É preciso, antes de tudo, observar se o tema que será objeto de discussão na redação
foi realmente compreendido, para depois pensar em expandir horizontes.
A prova de redação não é só uma prova de escrita, mas também de leitura. Não é perda de tempo o tempo gasto para entender a proposta. Ela define para onde se vai.
A questão pode depender do foco. Uma prova pode, por exemplo, associar versos de Fernando Pessoa ("Tudo vale a pena se a almanão é pequena") à solicitação de um texto, a ser feito pelo
candidato, que relacione a citação à vida política brasileira. Se o candidato focalizar apenas a ex-
pressão "tudo vale a pena", pode fugir ao tema proposto (tudo vale se não se olha para o mundo com olhar mesquinho, mas com visão de longo prazo) e partir para digressões (desenvolvendo, por exemplo, a ideia de que "o homem se srrepende do que faz, por isso o político não pode dei-
xar de fazer, mesmo que enfrente impopularidade").
Para não perder o foco, o aluno precisa encontrar bem seu propósito inicial, ter clareza em seu objetivo. Há pelo menos duas estratégias indicadas pelos professores para que os candidatos consigam delimitar a área em que poderão atuar na arguição.

1)Treinar a capacidade de detectar o tema que está por trás de um texto qualquer. desta for-
ma,valorizar mais a coletânea de textos propostos pelo vestibular para, a partir dele, encontrar o
cerne da questão sobre a qual discorrerá.
Deve-se tentar ler os textos tirando deles o tema central.

2)transformar o tema proposto em uma pergunta explícita que deve nortear a redação. O aluno pode fazer uma pergunta para si, a partir da leitura da coletânea e detecção do tema geral, para que seja respondida na sua redação, ajudando-o a focar os argumentos. Esse questionamento
não precisa aparecer explicitamente.

12.Lendo a proposta de redação:
*Sublinhe as palavras com maior carga de significado no enunciado;
*Faça traduções mentais no enunciado;
*Procure as informações do enunciado que revelam uma perspectiva particular sobre o tema;
*Substitua palavras complexas por equivalentes mais familiares;
*Busque reconhecer os vínculos internos na sequência de frases;
*Procure perceber se há - e percebendo, descarte - alguma marca no texto que remata a ou-
tras questões que não a abordada;
*Ative todo conhecimento anterior que você lembre sobre o tema;
*Elabore, então, uma lista de questões que faça sentido abordar;
*Se o enunciado for de algum modo complexo para você, divida as unidades de significado e
as interprete, uma a uma;
*Qual é, afinal, o centro da questão apresentada?

13.Cuidado ao "inovar" na forma:
Querer surpreender os corretores com um texto autoral com base na inovação da forma e na
estrutura do texto, pode ser vista como fuga ao tema. É preciso cuidado para, por falta de fami-
liaridade com recursos da linguagem e da literatura, fugir à questão proposta por meio da forma. deve-se respeitar o gênero. Se o redator não se sente seguro com o modelo dissertativo, deve
evitar ousadias que se revelem ingênuas. Ao ler "escrever texto em prosa", já houve candidato que criou texto com ciálogos, entendendo "prosa" como sinônimo de "conversa". Há o caso, hoje
mítico, da redação sobre o tempo, em que o candidato preencheu as linhas com a expressão
"tic-tac, tic-tac".(Compilação da Revista Língua, p. 8)

Dicas para escrever bem

04 Abr 2010


A Internet dissiminou uma criativa, porém anônima, orientação de como escrever bem. Vejamos
as 21 dicas:

01.Vc. deve evitar abrev., etc;

02.Anule aliterações altamente abusivas;

03.Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz;

04.O uso de parênteses(mesmo quando for relevante) é desnecessário;

05.Estrangeirismos estão out, palavras de origem portuguesa estão in;

06.Chute o balde no emprego de gírias,mesmo que sejam maneiras, tá ligado?;

07.Palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa merda

08.Nunca generalize:generalizar, em todas as situações, sempre é um erro;

09.Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: "Quem cita os outros não tem

ideias próprias";

10.Frases incompletas podem causar;

11.Seja mais ou menos específico;

12.Frases com apenas uma palavra? Jamais!

13.A voz passiva deve ser evitada;

14.Use a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém sabe

mais usar o sinal de interrogação.

15.Quem precisa de perguntas retóricas?

16.Exagerar é 100 bilhões de vezes pior do que a moderação;

17.Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!";

18.Analogias na escrita são úteis quanto chifres numa galinha;

19.Não abuse das exclamações! Nunca! Seu texto fica horrível!

20.Cuidado com a ortografia, para não estrupar a língua portuguêza;

21.Seja incisivo e coerente, ou não.
(Compilado da revista Língua Portuguesa, p.6)

Redação 7: Vícios de linguagem

04 Abr 2010

Vícios de Linguagem - parte 1:

Um vício de linguagem comum encontrado num texto é o emprego abusivo de pronomes retos.
Vejamos alguns exemplos:
Quando eu cheguei à casa de meu amigo, eu disse a ele que eu gostaria de que ele me aju-
dasse num projeto que eu estava elaborando...
Eu penso que, se eu passar a maior parte do dia me divertindo, eu não terei êxito nos estu-
dos e eu acabarei sendo reprovado.

Observe as correções:
Quando cheguei à casa do meu amigo, disse a ele que gostaria de que me ajudasse num pro-
jeto que estava elaborando...
Penso que, se eu passar a maior parte do dia me divertindo, não terei êxito nos estudos e acabarei sendo reprovado.

Vícios de Linguagem - parte 2:
Veja mais um vício de linguagem a evitar, o uso abusivo do que, pronome ou conjunção. Veja
o exemplo:
Creio que talvez seja ainda pior é que a inflação que assola o nosso país e que diminui o po-
der de compra do povo é que ela se faz acompanhar de uma corrupção moral que devora o cer-
ne da sociedade.

Texto melhorado:
O que talvez seja ainda pior, creio, é que a inflação que assola o nosso país, diminuindo o poder de compra do povo, faz-se acompanhar de uma corrupção moral que devora o cerne da
sociedade.
Exercício
Dê nova redação aos períodos, evitando o emprego abusivo do que, pronome ou conjunção:
a) o aluno que estuda consegue fixar melhor as matérias que os professores ensinam e,
consequentemente responder às questões que são solicitadas nas provas de deveres-de-casa.