07 Abr 2010
Simplicidade e coerência podem ser fatores decisivos para quem deseja um bom desempenho
nas provas de redação para instituições e órgãos governamentais.
Vejamos outros fatores que merecem apreciação especial quando se pretende e se nacessita
alcançar notas alta numa redação. Vejamos, com atenção, o que segue:
1.Escrever com correção:
Têm peso alto os deslizes gramaticais, que podem e costumam levar à reprovação no concurso.
deve o candidato preparar-se com afinco e boa vontade, estudando os fatos gramaticais que mais
risco podem apresentar. Não adiante fugir: isso é uma realidade na vida de todosnós, em especial os estudantes. Observemos as frases abaixo, com erros que podem ser evitados com um estudo
sério e atento.
Haviam muitas falhas no trabalho.
Todos assistiram o programa.
Me levaram para casa.
Irei a festa com você.
Não há excessão a essa regra.
A porta da cozinha, não tem fechadura.
A primeira frase apresenta um erro corriqueiro de concordância verbal. o verbo haver, quando,
quando equivale a existir, não admite a flexão de plural; ocerto é havia.
Na segunda contém erro de regência verbal, uma vez que o verbo assistir, com o sentido de
ver, rege a preposição a; o correto é ao programa.
Na terceira, o deslize é de colocação pronominal, pois não se começa a frase com pronomes
átonos; deve-se corrigir para Levaram-me.
A seguir, um erro de crase, já que na frase dada a preposição a, exigida pelo verbo, se une ao
artigo definido a, que acompanha o substantivo festa (pode-se dizer ao cinema); corrija-se, pois, para à festa. Depois, uma falha na grafia do primeiro substantivo; o coreto é exceção.
Finalmente, um erro de pontuação, porquanto não se pode colocar uma vírgula entre o sujeito e o verbo; correção: a porta da cozinha não tem fechadura.
Os erros gramaticais aparecem, claros, devidamente comentados, nos livros de português. É
necessário estudar consciemtemente, fazer exercícios em quantidade, não desanimar. Todos po-
dem, isso é fato, desenvolver-se o suficiente para não perder pontos preciosos numa redação.
2.Escrever com simplicidade:
Jamais se esqueça de que quem lê quer entender. Assim, seja simples, claro e objetivo. Não use palavras ou expressões apenas porque, na sua avaliação, elas são bonitas ou agradáveis,
ou ainda porque podem sugerir a quem vai avaliar seu trabalho que voce tem domínio do idioma.
Isso é bobagem, se me permite dizer. Alguns dos maiores escritores brasileiros escrevem com
simplicidade. Sessa forma, só empregue termos de cujo significado vecê tenha absoluta certeza e,
mesmo assim, sem exagerar. Uma grande quantidade de palavras pouco conhecidas, ainda que
corretas, costumam deixar o texto pesado, desagradável e até ininteligível.
Ex.: à socapa, o homúnculo palrador, vencendo a lassidão, seguia donairosamente pelas coxi-
lhas em flor.
Horrível, não é mesmo? A propósito: um doce para quem entender a frase.
3.Ser conciso:
Algo de extrema importância é a concisão, isto é, o emprego de poucas palavras para transmi-
tir ideias. É o oposto de prolixidade. Ou seja, não dê as famosas e nefastas "voltinhas", que tanto
irritam o leitor. Diga muitos com poucas palavras, e não o contrário. Também aqui, um bom treina-mento pode resolver o problema. Escreve inúmeros parágrafos sobre um determinado assunto, buscando redizir o número de palavras até aquele mínimo indispensável para que o leitor entenda
a mensagem.
Ex.: Ele, que há muito tempo estava preocupado com a prova que faria no colégio, estudou até
altas horas da noite, provavelmente até depois das duas horas da madrugada.
A frase longa e feia, com termos vazios. Diga concisamente: preocupado com a prova, estudou até à madrugada.
4.Criar frases curtas:
Frases muito longas, mesmo concisas, podem tirar a noção da estrutura frasal. Em alguns ca-sos, omite-se um termo importante, até fundamental, como o verbo da oração principal; em ou-
tros, despontam erros de concordância, coesão etc. Você pode criar frases longas, mas observe se elas não incorrem em falhas. Na dúvida, estipule uma ou duas linhas para cada frase.
Ex.: Quando os trabalhadoresse aproximaram da escadaria e, por conta desses equívocos
que ninguém consegue explicar, se dirigiram de maneira grosseira ao presidente da empresa.
Observe que a ideia central, representada pelo verbo da oração principal, não aparece no texto, que, não
tem nenhum valor. o que aconteceu quando eles se aproximaram da escadaria e
se dirigiram ao presidente? Essa lacuna seria preenchida se disséssemos, por exemplo, no final, depois de uma vírgula: criariam uma situação muito desagradável para todos.
5.Observar a coesão textual:
Um dos principais tópicos da redação é a coesão; por isso mesmo, um dos que mais têm derru-bado candidatos em concursos. a coesão é a perfeita ligação entre os elementos de um texto.
Ex.: Conquanto tenha estudado, conseguiu aprovação imediata.
A essa frase falta coesão e, consequentemente, coerência, sentido lógico. Note que a conjun-
ção conquanto significa embora, sendo esta mais utilizada, mais conhecida do que aquela.
Conquanto é, pois, uma conjunção concessiva, isto é, presta-se a ligar orações que tenham
algum tipo de oposição. As duas orações que constituem o período não apresentam esse relacio-
namento; ao contrário, ter estudado leva a conseguir aprovação.
Para que se evidencie a oposição, urge que se utilize uma palavra como não, o que deixará a construção coerente, por se ter restaurado a coesão textual: Conquanto tenha estudado, não conseguiu aprovação imediata.
Ou então se empregue um conectivo compatível, em substituição a conquanto: Como (porque, já que, uma vez que etc) estudou, conseguiu aprovação imediata.
O candidato precisa reler com atenção o rascunho, na tentativa de reconhecer as más ligações que porventura sejam feitas. Um erro desse tipo tem peso muito grande, por isso vale a pena o
esforço de aprender o assunto. Aliás, pode valer a aprovação.
6.Evitar repetição de palavras:
Embora não constitua erro gramatical, repetir palavras denota pobreza vocabular e enfeia o
texto. Cuidado com palavras muita batidas, como os pronomes demonstrativos(este, esse, aquele,
isto, isso aquilo), que se tornam um dos grandes vícios da atualidade. É impossível não usá-los,
apenas evite que eles "dominem" seu texto , empregados como muletas gramaticais. Também o verbo "ser" e a palavra "que" são frequentadores assíduos das redações. use sinônomos ou, simplesmente, escreva de outra forma a frase. Para isso, não se esqueça, existe o rascunho.
Ex.: Paulo, que escreve profissionalmente, diz que é possível que não se cometam erros.
Paulo, escritos palavra pode, num texto, aparecer repetida, o que convém evitar.
Ex.: as florestas devem ser preservadas. As florestam significam vida e acabar com as florestas
significa acabar com os seres humanos.
As florestas devem ser preservadas. Significam vida, e acabar com elas é o mesmo que exter-minar os seres humanos.
7.Evitar figuras de linguagens:
Você não está proibido de empregar figuras de linguagem em sua redação, mas só deve fazê-
lo com absoluta convicção, e assim mesmo sem exageros.
Um texto escrito para um concurso público não precisa ter características de texto literário. Ele
apenas deve valer-se da língua culta, ser claro, objetivo e preciso, como já foi dito. Há pessoas que julgam necessário enriquecê-lo por meio de metáforas, silepses, metonímias, hipérboles,
prosopopeias, eufemismos, anacolutos etc.
Vale dizer aqui, no entanto, que, se mal utilizada, a linguagem figurada pode estragar a reda-ção, num efeito contrário ao que se esperava.
A silepse, por exemplo, é perigosíssima, pois, sem a técnica devida, pode o candidato incorrer em graves erros de concordância. A utilização da metáfora costuma levar quem escreve a construções artificiais e fora de contexto.
8.Evitar cacofanias, ambiguidades e rimas:
a) Às vezes, sem que o percebamos de imediato, da junção de duas palavras na frase surge
uma terceira, desagradavel por não pertencer ao contexto em que aparece: é a cacofania.
Ex.: Nosso hino é muito bonito.(suino)
Ninguém toca nela.(canela)
Não diga barbante, diga linha. (galinha)
Uns têm pouca fé, outros têm fé demais.(café, fede mais)
São coisas desagradáveis, sem dúvida. Pior ainda é a cacofonia que leva a termos deselegan-
tes, que pessoas educadas evitam, pelo menos em determinados ambientes. É o que se conhece
como cacófato. Ex.: Essa cana está muito doce.(sacana) Governo algum confisca gado.(cagado)
Ele sempre leva Gina para a escola.(vagina)
b) O problema de duplo sentido, conhecido como ambiguidade ou anfibologia, em termos prá-ticos, é mais grave do que o da cacofania. Uma vez que é imprescendível que o leitor entenda o
texto, não pode o candidato construir frases nas quais aflore mais de um sentido, sob o risco de
invalidar todo o parágrafo.
Ex.: Marcos disse ao amigo que sua mãe tinha viajado.(de quem é a mãe?)
A mulher chegou à rua com cheiro desagradável. (o cheiro era da mulher ou da rua?)
O homem consertou o carro. (ele mesmo fez o conserto, ou pagou a alguém para fazê-lo?)
c) Um texto em prosa deve evitar palavras de mesma terminação, ou seja, que rimem entre
si. É praticamente impossível impedir que isso aconteça, mas que não seja repetitivo, que não atinja um número um número grande de palavras, pois o texto ficará ridículo.
Ex.: Há gente indecente em qualquer continente.
Antes do almoço, o moço fez um esboço. Seu cão, meu irmão, é um amigão.
9.Evitar o lugar-comum:
Em cada época, existem termos que ganham a preferência popular. Todos falam ou escrevem
a mesma coisa, num festival de imcompetência linguística, inadmissível numa boa redação. Nem sempre, infelizmente, o candidato consegue perceber tais palavras ou expressões corriqueiras.
Pode até ser que não lhe sejam subtraídos pontos, em função do que o encarregado da correção
entenda como exces´ssivamente usual.
Ex.: A mãe natureza está apenas revidando.
Ele continua focado no jogo.
Nos promórdios da humanidade, era diferente.
- Você gostou do jogo?
- Com certeza.
Ninguém aguenta mais ouvir falar da "mãe natureza". Foi bonito, enquanto não se vulgarizou.
Por que não apenas natureza? Sozinha, por acaso, ela perde a importância?
Alguém, hoje em dia, sempre está "focado" em alguma coisa. Não se diz ligado, voltado para
etc.: tem de ser "focado". Os amantes incondicionais da tecnologia talvez prefiram conectado ou,
quem sabe, plugado, caindo no mesmo erro do lugar-comum.
A expressão "nos primórdios da humanidae" já mais utilizada, desgastou-se, felizmente. Não tente ressuscitá-la, como alguns andam fazendo.
E a expressão "com certeza"? Típica do meio futebolístico, está passando para outras áreas.
Diga, por favor, "sim", e todos vão entender perfeitamente. Talvez até batam palmas.
Vamos deixar claro que esse tipo de construção é correto. O que depõe contra ele é o fato de ser usado em demasia, empobrecendo a redação. Se, por exigência do tema, você tiver de empre-
gar algo assim, faça-o sem susto. Se nada levar a seu emprego, retire-o do texto, que ficará, sem dúvida, mais autêntico.
10.Não usar gírias, palavras chulas e estrangeiras:
É terrivelmente prejudicial à redação o emprego de palavras ou expressões ofensivas. seja sempre delicado, cortês, respeitador dos bons costumes. Quer ser reprovado? escreve palavrões em seu texto.
Apelar para gírias e estrangeirismos é provar que tem pouco vocabulário. Eles apequenam a
construção, tomando-a demasiadamente popular, rasteira, sem personalidade.
Ex.: adorava boi ralado.(carne moído)
Preciso de um time. (tempo)
Sua utilização só se justifica quando servem para preencher uma lacuna na língua portuguesa, ou quando têm um caráter iniversal. Graficamente, devem apresentar algum tipo grifo, principal-
mente as aspas.
Ex.: Sua vida é um "show". (Compilação feita da Revista Língua Portuguesa, por Renato Montei-
ro, p.32, editora segmento)